quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945)

 1. Antecedentes

Um conflito desta magnitude não começa sem importantes causas ou motivos. Podemos dizer que vários fatores influenciaram o início deste conflito que se iniciou na Europa e, rapidamente, espalhou-se pela África e Ásia. Um dos mais importantes motivos foi:

  •  O surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários
  •    Desrespeito ao Tratado de Versalhes
  •    Expansionismo das ditaduras (italiana, alemã e japonesa)
  •    Fragilidade da liga das nações
  •    Nacionalismo (Revanchismo alemão)

O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha.

 2. Formaram-se dois grupos:

  •  ALIADOS: liderados por Inglaterra, URSS, França e EUA
  • EIXO: Alemanha, Itália e Japão 

3. FASES DA GUERRA

1ª fase (1939-1941): Caracterizou-se por uma rápida ampliação, assinalada por importantes conquistas das forças do Eixo.

Os alemães, por meio da blitzkrieg (guerra-relâmpago), que consistia numa série de ataques rápidos e simultâneos. Desta forma  conseguiram conquistar uma série de nações europeias. Os japoneses, por sua vez, iniciaram sua expansão pelo sudeste asiático, conquistando as colônias de britânicos, franceses e holandeses. Além disso, os japoneses realizaram um ataque que causou grande prejuízo aos norte-americanos, em Pearl Harbor.

2ª fase (1942-1943): Caracterizou-se pela contra-ofensiva bem sucedida dos aliados

Hitler não cumpriu o trato firmado com Stálin e desferiu uma violenta ofensiva contra a União Soviética. Surpreendidos, os soviéticos adotaram a antiga tática "terra arrasada", que consistia em ceder espaço, destruindo antes tudo aquilo que podia ser útil ao adversário. Os alemães foram barrados pelos soviéticos na  Batalha de Stalingrado, e o poder de guerra dos alemães iniciou seu entrou em declínio. O mesmo aconteceu com os japoneses, que, após a derrota na Batalha de Midway, perderam parte do seu poder de guerra e foram derrotados pelos norte-americanos.

3ª fase (1944-1945): momento em que os membros do Eixo são derrotados. As forças dos Aliados na Europa cercaram os alemães e conduziram a invasão do território germânico na virada de 1944 para 1945. Os japoneses passaram a sofrer cada vez mais com os bombardeios dos EUA. 

4. Entrada dos EUA

O Japão havia se tornado um aliado da Alemanha em 1937 e estava expandindo seus territórios. Para evitar essa ascensão, os Estados Unidos passaram a embargar o envio de produtos para aquele país. Porém, a situação tornou-se insustentável quando o Japão atacou a base naval de Pearl Harbor que era uma colônia dos EUA situada no Havaí. 

5. O que foi o Dia D?

O Dia D é também chamado de Operação Overlord e promoveu o desembarque de soldados Aliados nas praias da Normandia, no Norte da França. O objetivo dessa operação era libertar a França do domínio nazista e pressionar a Alemanha com outro front de batalha. A operação aconteceu no dia 6 de junho de 1944, e foi realizada em conjunto do Reino Unido e Estados Unidos. A quantidade de pessoal mobilizado no Dia D  foi de cerca de 150 mil homens, transportados em 5.300 embarcações, além de 1.200 tanques e cerca de 12 mil aeronaves como apoio. O desembarque dos soldados Aliados na Normandia começou na noite do dia 5 de junho de 1944. Ao final do Dia D, os Aliados haviam conquistado as praias da Normandia. A vitória Aliada foi crucial para a continuidade da guerra e contribuiu para antecipar a derrota do Nazismo ao exercer mais pressão sobre as defesas alemãs.

 6. Final e Conseqüências

O mundo que emergiu do terrível conflito era bastante diferente daquele que existia em 1939. As potências do Eixo estavam esmagadas, mas também a Grã-Bretanha e a França saíram debilitadas da guerra. Para definir a nova relação de forças internacionais, cunharam-se duas expressões: superpotências e bipolarização – mostrando que o planeta se encontrava dividido em duas zonas de influência econômica, política e ideológica, controladas respectivamente pelos EUA e URSS. Finalmente, os avanços tecnológicos provocados pela guerra resultaram em numerosas aplicações pacíficas, que vão desde a penicilina até o radar ou a propulsão a jato para os aviões. 

Este conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália.


6.1. Rendição japonesa 

Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba da história contra um alvo, a cidade de Hiroshima.

 


O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que jogou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazaki. Uma ação que provocou a morte de milhares de cidadãos japoneses, deixando um rastro de destruição nestas cidades.


Little Boy e Fatman: Esses são os nomes dados as duas bombas que destruíram, respectivamente, Hiroshima e Nagasaki no ano de 1945.


6.2.Tribunal de Nuremberg


Foi a formação inédita de um tribunal militar internacional para julgar o alto escalão nazista por crimes de guerra e contra a humanidade durante a 2a Guerra Mundial. Os procedimentos duraram 315 dias (de novembro de 1945 a outubro de 1946) e aconteceram no Palácio da Justiça de Nuremberg, na Alemanha. A cidade, que simbolizava um dos bastiões nazistas, foi escolhida pelos aliados para desmistificar a aura do regime de Adolf Hitler. 


7. Campo de concentração

É um centro de confinamento militar, instalado em área de terreno livre e cercada por telas de arame farpado ou algum outro tipo de barreira, cujo perímetro é permanentemente vigiado.

Os campos de concentração são utilizados para a detenção de civis ou militares, geralmente em tempos de guerra. O uso de campos de concentração foi amplamente disseminado na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, e na Rússia, durante a era stalinista. A prática de matanças sistemáticas de prisioneiros em alguns desses campos, fez com que, em linguagem corrente, os campos de concentração fossem assimilados aos campos de extermínio.

Os campos de concentração foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas

O Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial

O Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial em 30 de junho de 1944, ao lado dos países aliados, isto é, Estados Unidos, Inglaterra, União Soviética e as resistências civis-militares de países como a França. O inimigo, evidentemente, eram as chamadas “Potências do Eixo Roma-Berlim-Tóquio”. Mas por que o Brasil entrou na guerra? E como ocorreu a sua atuação? 


Sabemos que o período da Era Vargas conhecido como Estado Novo, que se estendeu de 1937 a 1945, foi explicitamente ditatorial. Getúlio instaurou um aparato político policial muito semelhante ao da Itália fascista e ao da Alemanha nazista.

No entanto, em 1941, que os Estados Unidos entraram oficialmente na guerra. Os EUA buscaram traçar uma zona de influência militar sobre o continente americano a fim de evitar uma eventual ocupação nazifascista. O Brasil possuía regiões estratégicas que não poderiam ficar vulneráveis. Era o caso do litoral do estado do Rio Grande do Norte, onde está o Forte dos Reis Magos. Os americanos sabiam que precisavam de Vargas como aliado e começaram a pressioná-lo nesse sentido. 


Brasileiros capturam italianos fascistas em Outubro de 1944.


Os nazistas, sabendo da aproximação do Brasil com os EUA, começaram a promover retaliações contra o país, atacando navios – inicialmente navios distantes do litoral brasileiro; depois, navios mercantes muito próximos da costa nordestina. Entre 5 e 17 de Agosto de 1942, seis navios brasileiros foram afundados por submarinos alemães, o que resultou na morte de mais de 600 pessoas. O fato comoveu a nação, que passou a pressionar Vargas a declarar guerra à Alemanha. Ainda no mês de Agosto, o Brasil declarou oficialmente guerra contra as potências do Eixo. 



quinta-feira, 22 de outubro de 2020

GOVERNOS TOTALITÁRIOS: FASCISMO ITALIANO

 

FIGURA 01: SIMBOLO DO FASCISMO
 

O fascismo surgiu na Itália em 1919, quando Benito Mussolini criou a Fasci Italiani di Combattimento, grupo que, posteriormente, passou a chamar-se Partido Nacional Fascista. A ascensão do fascismo ao poder na Itália aconteceu em 1922, quando foi organizada a Marcha sobre Roma.

 A MARCHA SOBRE ROMA

Durante esse evento, milhares de fascistas de toda a Itália marcharam em direção à Roma, capital do país, para pressionar o rei Vitor Emanuel III a fim de que ele nomeasse Benito Mussolini como primeiro-ministro italiano.

A nomeação de Mussolini aconteceu e, em 1925, o primeiro-ministro italiano autoproclamou-se ditador da Itália.

O fascismo italiano é considerado o precursor do nazismo na Alemanha e, por conta disso, existem inúmeras semelhanças entre essas duas vertentes totalitárias. Entre as características do fascismo italiano estão: A Negação de valores modernos.  E controle total do Estado sobre a economia, política e cultura.

O fascismo governou a Itália de 1922 e 1945 e, durante o período entre guerras. Quando a Segunda Guerra Mundial iniciou-se, em 1939, italianos e alemães fizeram parte do Eixo, grupo que lutou contra os Aliados.

 

Símbolos do fascismo


O símbolo com um feixe de varas entrelaçadas em um machado foi o símbolo máximo do governo de Mussolini. Isso porque era similar ao instrumento utilizado no período do Império Romano que se associava ao poder e a autoridade. O machado com feixes de varas enroladas era utilizado pelo soldados romanos para punir. Outro significado do machado era a ideia de força e união. Veja outros símbolos do fascismo:


• Camisa negra: cor da roupa do uniforme fascista;

• Saudação: a forma de saudação entre os fascistas era com o braço direito levantado;
Jogadores da Itália fazendo a saudação fascista na copa do mundo de 1938.

 Lema: o discurso fascista propagava o lema de crer, obedecer e combater.


BENITO MUSSOLINI


 Figura 2: líder fascista Benito Mussolini 

A monarquia parlamentar italiana era liderada pelo primeiro-ministro, de matriz liberal, Giolitti. O principal partido que fazia oposição a Giolitti era o Partido Socialista Italiano (PSI), do qual Benito Mussolini foi membro até o momento em que apoiou a entrada da Itália na Primeira Guerra. Tal gesto contrariava as decisões do PSI, e Mussolini foi expulso da organização.

Em 1919, Benito Mussolini passou a articular uma nova organização de caráter paramilitar junto a ex-combatentes da Primeira Guerra Mundial. Tal organização recebeu, inicialmente, o nome de Fascio de combatimento, que remetia ao feixe de lictor (fascio de littorio), símbolo do poder do antigo Império Romano.

As roupas dos integrantes do Fascio era constituída de camisas negras sobrepostas por um uniforme militar. Em 1920, Mussolini transformou essa organização em partido político, criando assim o Partido Nacional Fascista, que disputou as eleições no ano seguinte, ocupando 20 cargos para deputados.

Nas eleições de 1924, os fascistas demonstraram toda a sua face totalitária. Mussolini havia criado uma milícia voluntária fascista para a segurança nacional, que pressionava as pessoas a votarem nos candidatos do Partido Fascista.

A partir de 1925, o regime fascista conseguiu promover a recuperação econômica da Itália. Criava também o sindicalismo corporativo para controle das organizações de trabalhadores e oligopólios empresariais que se articulavam com o controle estatal da economia. A Carta Del Lavoro (Carta do Trabalho) constituiu um dos instrumentos de controle do trabalhador italiano instituídos pelos fascistas. O principal órgão do regime de Mussolini era o Conselho Nacional Fascista, que deliberava sobre todos os assuntos de interesse político e econômico e exercia poder de determinar ocupação de cargos nas várias esferas do estado.

Mussolini assumiu o título de Duce, o que evidencia o traço de culto da personalidade. O regime fascista conduziu a Itália à Segunda Guerra Mundial, ao lado da Alemanha nazista.


 

Sugestões complementares:


https://www.youtube.com/watch?v=0DrIcTi3Lxo&feature=emb_logo



 


REPUBLICA VELHA: REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS.

 A República Velha tem como característica principal o controle das oligarquias na política brasileira. A respeito das oligarquias desse período, Boris Fausto faz a seguinte definição: “Oligarquia é uma palavra grega que significa governo de poucas pessoas, pertencentes a uma classe ou uma família. De fato, embora a aparência de organização do país fosse liberal, na prática o poder foi controlado por um reduzido grupo de políticos de cada estado”.

CARACTERÍSTICAS:




•          Coronelismo: 

era uma prática comum da Primeira República em que os coronéis (os grandes proprietários de terra) exerciam domínio sobre as populações locais e utilizavam desses poderes para garantir os votos necessários e, assim, atender os interesses da oligarquia estabelecida e, consequentemente, do Governo Federal. O coronel garantia esses votos a partir da distribuição dos cargos públicos (todos sob seu controle) da maneira como lhe interessasse.

          Clientelismo: 

pode ser definido como uma prática de troca de favores entre dois atores politicamente desiguais. Nesse conceito, não há necessidade de existir a figura do coronel, uma vez que essa prática pode acontecer em diversas instâncias da sociedade. Nela, todo favor concedido em troca de algo (cargo público, isenção fiscal etc.) dado por um ente político superior cria uma relação de clientelismo com aquele que recebe o benefício.

        Política dos governadores:
 Criada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias dominantes. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e o presidente da República. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte à candidatura presidencial e governabilidade (sustentação política parlamentar) durante o período de governo.

•          Política do café com leite: 

é um conceito clássico utilizado em referência ao acordo existente entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais a respeito da escolha dos presidentes. As duas oligarquias tinham um acordo de revezamento dos candidatos que concorreriam à presidência do Brasil.



  • O voto de cabresto
representou uma forma eleitoral impositiva e arbitrária imposta pelos coronéis.




SUGESTÃO DE VÍDEO


 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

REPÚBLICA VELHA OU PRIMEIRA REPÚBLICA

 


República Velha é o período da história do nosso país que se estendeu de 1889 a 1930. Os marcos que estipulam o início e o fim desse período são a Proclamação da República e a Revolução de 1930. Esse período é mais conhecido entre os historiadores como Primeira República.

Após a Proclamação da República, Deodoro da Fonseca foi escolhido como presidente provisório. Em 1891, o marechal foi eleito presidente do Brasil para um mandato de quatro anos, mas renunciou ao cargo e foi sucedido pelo seu vice, o marechal Floriano Peixoto, que permaneceu no cargo até o ano de 1894. Esse período de 1889 a 1894, em que o país foi governado por dois presidentes militares, é conhecido como República da Espada.

República da espada: teve seu início quando os militares lideraram o país politicamente entre os anos de 1889 a 1894 O termo “Espada” faz referência à atuação dos militares

 

Como Deodoro tornou-se presidente do Brasil?

Foi a Proclamação da República que resultou na escolha do marechal como presidente brasileiro em 1889.  Foi criado um governo

provisório, e esse governo optou por nomear Deodoro da Fonseca como presidente do Brasil.

          Governo provisório: foi marcado por  uma questão importante dessa fase foi a preocupação governamental em substituir antigos símbolos monárquicos por novos símbolos republicanos. Para impedir que o território nacional se fragmentasse, foi aprovada a Grande Naturalização, isto é, a naturalização de todos os estrangeiros residentes no país naquela época.

 

CONSTITUIÇÃO DE 1891



A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891, ou Constituição de 1891, foi a primeira constituição republicana do país, promulgada em dois anos de negociações após a queda do imperador D. Pedro II. Inspirada no exemplo norte-americano e moldada pela filosofia francesa do positivismo e estabeleceu as principais características do Estado brasileiro contemporâneo, como:

·         Modelo presidencialista e federativo: autonomia e independência aos Estados

·         O voto direto: (não secreto/aberto):podiam votar apenas homens alfabetizados com mais de 21 anos. Além das mulheres, não podiam votar: menores de 21 anos, mendigos, padres, soldados e analfabetos.

·         Separação entre Estado e religião (laicidade): liberdade de culto.

·         Os três Poderes: executivo, judiciário e legislativo,

Uma vez promulgada a nova Constituição, foi realizada eleição presidencial indireta.

Os eleitos foram Deodoro da Fonseca, , e Floriano Peixoto, . Isso marcou o início do governo constitucional de Deodoro, mas essa fase durou só até novembro, uma vez que os crescentes desentendimentos do presidente com o Legislativo acabaram minando sua posição, fazendo com que ele ficasse sem apoio e acabou renunciando em 23 de novembro de 1889.

Seu vice, Floriano Peixoto, assumiu a presidência

O governo de Floriano Peixoto

Floriano Peixoto foi o segundo presidente brasileiro e governou o país de 1891 a 1894.

Ficou marcado na história como o “marechal de ferro”, por ter lidado com duas revoltas importantes: a Revolta da Armada e a Revolução Federalista.

O governo de Floriano era extremamente impopular entre os políticos liberais e outros grupos, como comerciantes e latifundiários, mas, entre as camadas pobres do país, Floriano Peixoto era um presidente extremamente popular. Isso se deve ao fato de ele ter procurado amenizar os efeitos do Encilhamento (crise econômica que afetou o Brasil na década de 1890) no país e tomado medidas que beneficiaram as camadas mais pobres.

Floriano foi “obrigado” a transmitir a presidência para Prudente de Morais (primeiro civil eleito presidente), candidato escolhido pela oligarquia paulista para assumir o país.




segunda-feira, 28 de setembro de 2020

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, 1889

 

Proclamação da República, de Benedito Calixto(1893)

 

 A própria forma pela qual em geral nos referimos aos eventos ocorridos em 15 de novembro de 1889 - a "Proclamação da República" - já incorpora algumas idéias importantes. Em primeiro lugar, a de que ocorreu uma "proclamação". Mas o que é "proclamar"? É anunciar publicamente algo - no caso, que a Monarquia fora substituída pela República

 Origem do termo “república”

O termo “república” deriva do latim Res Publica e significa, literalmente, “coisa pública”, isto é, aquilo que diz respeito ao interesse público de todos os cidadãos. República é uma forma de organização política que teve origem na antiga Roma, no século VI a.C.

 

No dia 15 de novembro, comemoramos a instalação da República no Brasil, forma de governo na qual o povo exerce soberania por meio da escolha do chefe da nação. Vamos relembrar como tudo isso aconteceu?

O Manifesto Republicano, Em 1870

As propostas do republicanismo só tomaram forma e se organizaram mais sistematicamente quando o jornal A República, na edição de 3 de dezembro de 1870, publicou o Manifesto Republicano.

O documento propunha que o país se transformasse em uma República federativa para se adequar à realidade dos demais países do continente e garantir uma relativa autonomia das províncias em relação ao governo central. Propunha ainda a laicidade do ensino, a separação entre o Estado e a Igreja e a renovação do Senado.

  

CONTEXTO HISTÓRICO

Na segunda metade do século XIX, podemos perceber uma série de eventos que acabaram desgastando a monarquia.

Apesar da crescente dívida externa, os primeiros anos do 2º Império experimentaram  estabilidade política e econômica. Essa conjuntura permitiu:

•          funcionamento Parlamento;

•          A eliminação das revoltas;

•          Um surto industrial, na Era Mauá;

•          O sucesso do café.

Tendo em vista as instabilidades europeias com as revoluções, a aparente estabilidade brasileira atraiu muitos imigrantes na segunda metade do XIX. Sendo a maioria deles destinados aos trabalhos nas crescentes lavouras paulistas.

 

CRISE ECONÔMICA

Contudo, a ilusão de um cenário estável logo ganhou outros contornos a partir de 1864, com a Guerra do Paraguai. O conflito brasileiro contra o país de Solano López se estendeu por seis anos, exigindo gastos exorbitantes com equipamentos militares e deslocamento de tropas.

A crise econômica que se instalou e a dívida externa por conta dessa guerra tiveram um impacto considerável no aumento da inflação. Os problemas financeiros do império foram tão grandes, que até mesmo a república, proclamada quase 20 anos depois, ainda herdaria essa crise.

 

O IMPÉRIO EM CRISE

Questões que monopolizaram a cena política nacional nas últimas décadas do império:

               Religiosa,

               Militar

               Abolição da escravidão.

 

QUESTÃO RELIGIOSA

A Constituição de 1824 outorgava ao imperador o direito de interferir na nomeação de bispos (padroado) e de decidir quais determinações do papa poderiam ser cumpridas no Brasil (beneplácito). A partir de 1869 - com base nas decisões do Concílio Vaticano I, que estabeleceu o dogma da infalibilidade do papa - a Igreja Católica começou uma campanha para aumentar o poder papal em relação aos poderes regionais, tanto civis como eclesiásticos.

Nesse contexto iniciou-se uma briga entre o clero brasileiro e o imperador por causa da maçonaria - sociedade secreta da qual possivelmente o imperador fazia parte. Todos os documentos do papa que condenavam a maçonaria eram vetados por Pedro II, o que gerou uma crise entre o Estado e a Igreja. Essa crise teve como momento mais grave a prisão, em 1874, de dois bispos que recusavam a reconhecer o predomínio da autoridade do imperador sobre a autoridade do papa. No ano seguinte, o imperador anistiou os dois bispos, mas havia perdido definitivamente o apoio da Igreja católica.

 

 QUESTÃO MILITAR

No governo de Pedro II, a Academia Militar foi reformulada e seu alto nível de ensino foi elemento importante na formação de uma elite militar bastante esclarecida e interessada em participar da vida política nacional. A vitória na guerra contra o Paraguai (1864-1870), além de garantir prestígio às tropas, colocou os militares em contato com as ideias abolicionistas e republicanas, o que fez muitos deles saírem do conflito abolicionistas, republicanos e com prestígio social.

Desta forma, a partir de 1883, uma série de desentendimentos entre o Exército e o parlamento teve início. Essas desavenças obrigaram D. Pedro II a desmobilizar núcleos politizados do exército. Essas atitudes soaram como afrontas para muitos militares, que cada vez mais passaram a apoiar o fim do Império.

 ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

A Guerra do Paraguai também agiu como um importante estimulante para o crescimento da onda abolicionista. Muitos dos escravizados que lutaram nas batalhas, além de receberem o prestígio dos militares, retornaram alforriados para o Brasil. Outros, no entanto, serviram ao império e tiveram ainda que voltar para seus proprietários, sem qualquer recompensa.

Essa conjuntura provocou a reflexão em novas camadas sociais, sobretudo na política, fortalecendo os movimentos abolicionistas. Apesar de D. Pedro II ser simpático a causa em discursos internacionais, entre os latifundiários e escravocratas a postura era conservadora

A gradual conquista da abolição com a lei Eusébio de Queiroz, lei do ventre-livre e lei do sexagenário desagradava a elite econômica.

Entretanto, foi com a Lei Áurea (1888), que aboliu a escravidão sem indenização para escravizados e senhores, que o laço entre império e cafeicultores ruiu. Insatisfeitos com a medida tomada pela Princesa Isabel, a monarquia, enfim, perdeu um de seus principais aliados.

Nos últimos anos do Império, os escravocratas representavam o último grupo social de peso que ainda apoiava a monarquia.A abolição da escravidão aparece, no contexto da transição para a república, como o golpe final numa estrutura que já tinha sua base totalmente corroída. A república era um acontecimento de contornos bem nítidos, faltavam apenas algumas pinceladas para que surgisse totalmente definida.

 

 A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

O ideal republicano crescia e as pressões sobre o velho e doente imperador acentuaram-se. Em fins de 1888 foi nomeado o último primeiro-ministro do Império, Afonso Celso de Oliveira Figueiredo, o visconde de Ouro Preto.

Numa tentativa de manter a monarquia, Ouro Preto anunciou uma série de medidas reformistas, influenciadas pelas ideias republicanas. A Câmara rejeitou as reformas e foi dissolvida.

Os republicanos aproveitaram a crise política e, no dia 14 de novembro de 1889, lançaram o boato de que o primeiro-ministro havia decretado a prisão de Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant. O boato sublevou os quartéis contra o governo imperial.

Na manhã do dia 15 o marechal e suas tropas invadiram o Ministério da Guerra, onde monarquistas estavam reunidos, e destituíram Ouro Preto de seu cargo de primeiro-ministro. Os monarquistas não reagiram e assim, dentro de um gabinete militar, a república foi instaurada.

O próprio Deodoro avisou ao imperador que a monarquia havia acabado. D. Pedro II e sua família voltaram para Portugal.

Na tarde de 15 de novembro de 1889, foi proclamada oficialmente a república brasileira e, de forma semelhante ao que acontecera em 1822, o povo, sem qualquer participação em todo o processo, pouco entendia o que estava acontecendo. Segundo o jornalista Aristides Lobo, em uma publicação no Diário Popular, no dia 18 de novembro: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.”!

 

Manuel Deodoro da Fonseca: 1º Presidente do Brasil

15 de novembro é feriado nacional?

Todo ano o 15 de novembro é considerado feriado nacional por determinação da legislação brasileira. Em 14 de janeiro de 1890, foi emitida a primeira lei reconhecendo o dia como feriado. Essa lei foi o Decreto nº 155-B, que determinou o feriado como um dia para celebrar a “pátria brasileira”. Essa ação, no entanto, foi uma de muitas para garantir legitimidade à recém-instaurada república no Brasil e garantir que o dia e o republicanismo ficassem impregnados no imaginário popular.

 

 Sugestões complementares:



          https://www.youtube.com/watch?v=T2gMKpADSQU&feature=youtu.be