quinta-feira, 26 de agosto de 2010

EDUCAÇÃO INFORMAL DO TRABALHADOR ESCRAVO NO BRASIL COLONIAL

Na história da educação do trabalho escravo, tão difícil quanto viver em uma sociedade escravocrata era adquirir algum tipo de instrução formal já que legalmente a constituição de 1824 art. 6º, não permitia a presença dos escravos, visto que esta era reservada aos cidadãos brasileiros, coibindo o ingresso destes que eram em sua maioria africanos de nascimento e de acordo com a lei apenas negros libertos provenientes de famílias de algum tipo de recursos ou “protegidos por ex-senhores poderiam freqüentá-la”.
Tanto Garcia, na Obra Identidade fragmentada (2007, p.34) quanto Silva e Araújo no artigo: Escolas dos Movimentos Negros e escolas Profissionais, Técnicas e Tecnológicas, (p. 68) ressaltam dois pontos que comprovam a ideologia de interdição do negro na reforma de Couto Ferraz em 1854 (decreto 1.331 A de 17 de fevereiro de 1854) que instituía a obrigatoriedade da escola primária para crianças maiores de 07 anos e a gratuidade das escolas primárias e secundárias da corte. Primeiro nas escolas públicas não seriam aceitas crianças com moléstias contagiosas e nem escravos; segundo não havia previsão de instrução para adultos. Confirmando a exclusão dos negros escravos, adultos e crianças.
O autor Marcus Vinícius, em Educação e Escravidão: um desafio para a análise historiográfica (p.127) cita o adestramento como uma forma de aprendizado que estava longe de ser atividade educacional, onde os meninos e meninas por volta dos 12 anos eram condicionados a trazer uma profissão por sobrenome, esta se resume a exercer habilidades manuais. 
Calceteiros. 1824 Debret.


Maria Cristina , no artigo “Das Cambalhotas ao Trabalho escravo”, ressalta que o trabalho doméstico era uma forma de adestramento que desde cedo a criança já estava familiarizada com os trabalhos escravos, assim internalizando sua função dentro da sociedade escravista.
De acordo com Fonseca, esse processo de educação não se restringia a um mero adestramento, ou ao medo das constantes violências físicas. 



Castigo Público , 1835  Rugendas 

Mas passava por um processo de aprendizagem que tinha como finalidade a transmissão de conteúdos, que os tornavam submissos e eficientes para o trabalho. Principalmente para a manutenção da sociedade escravista: A impregnação.
Por esse processo o escravo desde a mais tenra idade vivenciava situações que permitia que o mesmo assimilasse a sua condição. Neste aspecto a situação do escravo era representada por um conjunto de práticas ou medidas educativas que visava obter o controle do escravo. Portanto, Maria Cristina Luz
Pinheiro confirma a idéia de que as crianças não eram poupadas do trabalho, tampouco representava um peso para os senhores, pois desempenhavam inúmeras tarefas ao longo do dia.
“Os meninos e meninas desempenhavam múltiplas tarefas em casa como: servir à mesa, abanar moscas, carregar água, lavar pratos, servir café, auxiliar na cozinha, na limpeza da casa, esvaziar e limpar os urinóis, preparar o banho dos senhores. Também lavavam os pés dos membros da família e de visitantes, engraxavam os sapatos, escovavam as roupas, carregavam pacotes, balançavam a rede, faziam pequenas compras, levavam recados, cuidavam das crianças, eram pajens e mucamas”.

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