segunda-feira, 17 de maio de 2010

A música e resistência escrava norte americana - O negro spiritual

Além do jazz, outra manifestação musical dos negros americanos merece consideração é o Negro Spiritual, que também era uma forma dos negros escravos exporem suas idéias.
Apesar do duro trabalho, da pobreza e da opressão na América, eles cantaram em cada ocasião possível. Cantaram ao colherem algodão, milho, na prisão e na igreja. Mas, podemos dizer que se os escravos tivessem que julgar o cristianismo apenas por seus senhores e mestre brancos, poucos poderiam ter se tornado cristãos. Pois seus proprietários faziam da fé uma profissão de domingo, e durante a áspera semana era ignorada. Porem, os sofrimentos de cristo e dos judeus antigos, levaram o povo negro ao cristianismo. Histórias como a de Moisés, de José e Daniel eram vistas como inspirações para a sua fé, através de suas canções.
O negro spiritual são canções dos escravos que expressavam as emoções religiosas mais profundas da alma tocada por Cristo, sendo uma das mais autênticas do mundo. Mas, este ritmo deu ao escravo uma identidade que ia além do que diziam as suas canções, ou seja, tinha um sentido que remetiam aos ideais de liberdade, esperança, amor e resistência.
Os compositores do negro spiritual são desconhecidos, pois suas canções se transformaram em tradições orais.
Não podemos esquecer em momento algum, que a população africana negra nos EUA era tratada como animais, objetos que podiam ser comprados e vendidos a qualquer momento. Separados de suas origens, de sua cultura e da família submetidos a longas horas de trabalho. E mesmo após a desagregação do regime escravocrata, a população negra teve -e ainda continua- que lutar efetivamente por sua liberdade. Já que o racismo que foi desencadeado com o fim da escravidão, continuou vivo e cada vez mais impede a integração social do negro nos Estados Unidos.
Os negros alcançaram a sua consciência de sua condição de exploração e submissão, e antes do que se pensa, lideravam o movimento antiescravista, isto é, os escravos dos EUA, não aceitaram passivamente a situação a qual estavam submetidos.
Então os instrumentos que contribuíram para a luta contra o escravismo ganharam força, nas canções, nas músicas criadas pelos negros: o jazz, negro spiritual.
Através destes ritmos os negros despertavam, difundiam as idéias de liberdade, expressavam suas dor, sua alegria, seus desejos, sua angústia, seus trabalho, suas exasperações. E ainda mantiveram elementos da sua cultura. Representando desta forma uma resistência à dominação branca.
No entanto estes ritmos não ficaram restritos aos negros. Os brancos também se apropriaram do ritmo, e a partir daí surgiram diversas ramificações. Assim como o negro spiritual, o jazz se espalhou por todo o mundo. E várias músicas de diferentes nacionalidades não param de inventar o velho estilo que nasceu da cabeça de trabalhadores negros de longígua lavoura de algodão no Sul dos EUA. Os negros mantiveram vivo o protesto contra o preconceito,a discriminação e o racismo.


HEALE, M. J. A Revolução Norte-Americana. São Paulo, Ática, 1991.

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