sábado, 19 de dezembro de 2009

A província do Pará-23 de fevereiro de 1888

Este texto de A província do Pará  foi consequências de horas na Biblioteca pública do Estado.


HOMENS E COISAS

Como andam as coisas! Que horrorosa balburdia, santo Deus! É uma coisa nunca vista!
Chuva, leitor, é chuva. Não seja malicioso, nem vá pensar aí, com um rizinho atravessado ao canto da boca, que queremos falar da perigosa crise, por que passam à segurança e a tranqüilidade públicas. Meta-se nisso quem quiser: nós é que não estamos com a telha para aí.
O nosso assunto é a chuva.
Sim, amabilíssimo leitor, a chuva, ou as chuvas torrenciais que todos os dias desabam sobre este solo ubérrimo da nossa pátria.
Parece uma condenação. Olhe que já aborrece. É chuva de manhã, chuva de tarde, chuva de noite. Chuva miudinha, chuva graúda, chuva de chique-chique, chuva de toda forma; e quando não chove, chuvisca; quando não chuvisca, peneira.
 Arre! que já é chover! E que chuva, leitor, que chuva! capaz de amolecer o ferro ou o mármore. Se fossemos de tapioca - em vez de sermos de carne e osso - a humanidade toda estaria convertida em uma grande massa, informe e maleável, com a qual poderia Deus formar um universo novo. E quem nos dera que assim fosse! Não acha, leitor?,- porque ao menos, – quem sabe? – talvez com a tempestade as coisas melhorassem e a humanidade ficasse expurgada dos mão-de-seda et(...)[1]
            (...)


          




[1] O resto da frase está ilegível.

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